Uma greve necessária: razões e exigências

Nesta última segunda-feira (dia 15 de Abril), a partir da meia noite, os cerca de 800 motoristas que diariamente transportam matérias perigosas como os materiais explosivos ou inflamáveis, nomeadamente, combustíveis, químicos, radioativos e até mesmo oxigénio paralisaram o transporte tanto pelo ar como por terra.
Com uma adesão de aproximadamente 100%, estes motoristas especializados (com certificação ADR emitida pelo IMT e com uma validade de 5 anos) tentam barricar o acesso de todos os camiões - cisterna ao centro logístico de combustíveis, também conhecido como CLC, sito em Aveiras de Cima.
Entre os motivos da greve, destacam-se o reconhecimento da profissão e salários mais dignos. Além disto, estes profissionais acusam o Governo de não querer chegar a um ponto comum entre as duas partes.
Carlos Barrela afirma que "fazer greve para exigir o reconhecimento da categoria profissional, lutar por melhores salários e fazer outras exigências fundamentais para quem todos os dias transporta várias toneladas de matérias perigosas não é nada do outro mundo".
Esta greve já dura à dois dias (e, de acordo com as últimas informações, não cessará tão cedo) e as consequências têm sido sentidas por centenas de pessoas. Bombas sem combustível, aeroportos praticamente sem combustível e voos cancelados são algumas das consequências desta greve.
A minha opinião sobre esta greve é inconcussa: apoio totalmente a decisão de levar a cabo uma paralisação nacional por parte dos motoristas de matérias perigosas.
Todas as profissões deviam ser reconhecidas e acho vergonhoso ser necessário atingir este clímax para que o governo atue.
O que estes profissionais estão a reivindicar é, a meu ver, o mínimo óbvio.
Receber pouco mais do que o salário mínimo nacional a trabalhar por turnos, fazer diariamente dezenas de quilómetros e trabalhar fins de semana é justo para estes indivíduos cuja profissão é altamente de risco?
Ainda ninguém pensou nas consequências se, por infortúnio, estes homens têm um acidente? O impacto ambiental e humano de algo deste tipo cuja a possibilidade de acontecer é uma realidade?
Estou inteiramente consciente do impacto social que isto tem causado, aliás, tenho-o sentido. Mas, infelizmente, em Portugal é necessário chegar a extremos para conseguirmos ser ouvidos.
De acordo com o correio da manhã, a greve irá continuar e apenas os serviços mínimos como os hospitais, bases aéreas, bombeiros, portos e aeroportos assim como 40% do serviço habitual em postos da grande Lisboa e do grande Porto são garantidos.
Claro que a paralisação foi contestada pelo Governo e pela associação do setor, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que exigiam serviços mínimos e o cumprimento da lei laboral, impugnados pelo sindicato.
João Ramos afirmou ao Ribatejo News que não podem continuar a suportar salários miseráveis atendendo às responsabilidades que têm e ao risco que correm todos os dias, ao transportar matérias perigosas que muitas das vezes põem em risco a sua saúde.
Além do aumento de salários e do "reconhecimento da categoria profissional", motoristas querem ainda um aumento do "subsídio de risco mensal" – que é, atualmente, de 7,5€ por dia.
Atendendo ao grau de risco, este é um valor, no mínimo, absurdo.
Ao Observador, o presidente do SNMMP, Francisco São Bento, explica que motoristas de matérias perigosas têm apenas uma remuneração base de 630 euros, não lhe sendo reconhecida uma categoria profissional própria – estão inseridos em "Motoristas de Pesados". Como exigência, os trabalhadores querem um salário equivalente ao dobro do salário mínimo nacional: 1200 euros.
Em conclusão, esta é uma greve necessária onde a luta e a persistência são os conceitos chave para atingirem as reivindicações indubitavelmente merecidas.

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